quinta-feira, 23 de julho de 2009

Crônica: Doce Veneno - Parte 2

DOCE VENENO - Parte 2

(Parte 1)


Saí caminhando pela rua levemente confusa. Não queria ir além do beijo. Não queria ultrapassar limites impostos a mim mesma e que só o tempo seria capaz de ruir. Será que ele me interpretou corretamente? Será que ele não gostou do meu beijo? Será que ele se decepcionou comigo? Será que ele iria sumir depois de todos aqueles anos me esperando, esperando que aceitasse o convite dele e deixasse de lutar contra suas investidas?

Interrompi aquele espiral de insegurança e lembrei do seu abraço. Lembrei dos seus lábios buscando os meus. Recordei aquelas mãos tocando minha pele. E aquele olhar que me envenenou. Suspirei aliviada. Não havia qualquer razão plausível para dúvida; mas ela existia e martelava-me enquanto dava passos lentos pela rua. Aquela cena iria se repetir. Fui tomada de uma segurança e altivez raras. Ele havia me conquistado, ainda que eu dissesse o oposto. Ele havia trilhado o caminho do meu coração e derrubou cada obstáculo que lancei no caminho. Ele foi persistente, hábil, delicado, cirúrgico. Mas será que o encanto se evaporaria depois daquele beijo?

Comecei a falar sozinha no meio da rua. Não havia muitas pessoas por perto. Alguns olharam torto, tendo-me por maluca. Estava indiferente a tudo que circundava. Meu mundo era meu. Meu mundo era ele. Dane-se o exterior que não compreende minha dor, minha alegria, minha vontade de gritar e pular e dançar. Só ele sabe o poder que tem sobre mim e como me faz sentir. Suspirei profundamente e disse seu nome em voz alta. Um suspiro que pedia mais e mais. Um suspiro de entrega.

Um comentário:

Edna Federico disse...

Interessante ler sua "imaginação feminina"....sempre gosto de ler um homem interpretando os sentimentos e pensamentos de uma mulher.
Beijo,

Edna