sábado, 16 de maio de 2009

Crônica: Ela, em prosa

ELA, EM PROSA

Há algo nela que não consigo descrever. Não consigo expressar em palavras o que é. Horas e horas gastei na tentativa de externalizar o que ela provoca em mim. Foi em vão. Pensei no jeito dela falar, pensei no jeito de andar, pensei no estilo despojado, mas nada chega ao fundo da questão. Escapa da minha compreensão o que é este algo que há nela.

Há algo nela que me arrabatou, que me entorpeceu e fez despertar para uma nova dimensão que não imaginava existir. Ela é poesia corporificada, prosa poética, música materializada. Ela é fruto dos meus sonhos, porém deles nunca desperto. Sonhos são irreais e ela é tão verdadeira, tão real, tão dona de si que me apequeno diante dela.

Há algo nela de brilhante, descortinado pelos olhos castanhos, pelo olhar incisivo que parece ler minha alma. Olhar que me estremece e bambeia as pernas, que revira meu estômago, que provoca arrepios por todo o corpo, que aquece a minha pele. Olhar que despertou de um sono profundo meu pobre coração.

Há algo nela que dominou este pobre coitado e adormecido coração. Não há cabresto capaz de segurar a disparada do coração, este órgão que não obedece à razão, que rejeita ordens e segue seu caminho, aprontando e conduzindo o corpo por caminhos impensados e repletos de sentimentos sublimes que só ele é capaz de proporcionar. Coração saltitante que se move num ritmo acelerado e no batuque dos melhores sambas. Ela laçou meu coração indomável.

Há algo nela de poderoso que me cativou. Um campo magnético de poder fantástico capaz de atrair o mesmo pólo. Ela é puro pólo positivo. Não seria capaz de listar um ponto negativo, talvez porque inebriado pela tua beleza. Talvez porque mergulhado na tua imagem, tudo é luz. Teus longos cabelos escorrendo pelos ombros, jogados de lado, ou soltos, enquadram o rosto de sorriso alvo e iluminado.

Há algo nela que mexeu comigo de forma inesperada. Flutuei e voei. Levitei e gritei. Cantei e delirei. Ela é a culpada por todos estes momentos de profunda alegria, de sentimentos juvenis que podem causar um infarto num homem de idade avançada. Enfim, quando desacreditava no amor, na beleza, na amizade, na vida, ela surgiu. Retirou a carapaça que se formara ao redor do congelado coração. O veneno, que corria nas veias, foi imunizado. O sol nasceu novamente e a culpa é dela.

Posso escrever linhas e linhas e tentar descrever o impossível. Seriam rodeios inúteis. Sentimentos escapam e não cabem em palavras. Estas linhas são dela, para ela. Há algo nela que não consigo descrever. Magia é mistério. Ela é um mistério. Só sei, que o sentimento me fez renascer. Há algo nela que me faz renascer a cada dia.

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