segunda-feira, 14 de julho de 2014

Margens do Tejo

Luar no Tejo
instagram @rbueloni

Caía a tarde, sol adormecido, lua surgindo no oriente, refletida pelas águas crispadas do Tejo. Ah, o Tejo. Reencontro-o depois de quase dezoito anos em cenário inesquecível de começo de noite, lua cheia, céu limpo, calor ameno de verão lisboeta. Paro na margem e contemplo-o com a memória repleta de imagens. A Ponte Vasco da Gama iluminada e na outra margem avisto Montijo. O silêncio quebrado apenas pelas pequenas ondas do rio a baterem na murta de pedra que ladeia a margem. Respiro fundo e sinto o cheiro levemente salgado da maré que avança sobre o rio, o maior de todos os rios, mas não tão grande quanto o rio que passa na minha aldeia.

Os versos de Camões parecem se materializar no vasto rio. Poderia sentar-me num banco e dialogar com Fernando Pessoa e seus heterônimos, ouvindo cada um deles declamar poemas sobre a beleza do Tejo. A presença do poeta é palpável, quase física. E os versos se sucedem em minha mente. Como é belo o Tejo, cantaria! 

O Tejo é o símbolo maior de Portugal, a terrinha mãe, a pátria primeira. Talvez meu sangue português tenha entrado em ebulição ao notar o rio, aguçando o lado emocional e nostálgico, ainda que não tenha mais parentes além mar. 

Ali fiquei a admirar o Tejo transformado em tela impressionista do lindo luar, suas águas salpicadas de um  cinza iluminado, suas pequenas ondas tingidas com a luz da noite, seus ruídos a embalar o início da noite.

Em clima de saudade, despedi-me dele, trazendo na bagagem alguns fados como trilha sonora para acalentar a nostalgia e as boas lembranças do grande Portugal.

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