terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dilma: a mudez e a omissão


Carlos Lupi foi defenestrado do governo. Nada de novo. Era uma demissão anunciada há tempos. Ele resistiu bravamente, ficou firme, parece até ter lido nosso Manual de Sobrevivência de Ministros. Mas sua hora chegou. Até a Comissão de Ética da Presidência havia recomendado a sua exoneração, algo quase inédito - para a comissão neste governo. Aliás, poderíamos indagar se a Comissão de Ética fiscaliza e recomenda algo ou se apenas chancela as maracutaias. 

O fato é que Lupi foi o sétimo ministro a deixar o governo. A corrupção está espalhada por todos os cantos do governo e por todos os ministérios como nunca antes neste país. Dilma ensaiou uma certa limpeza, uma postura de aparente intolerância com a corrupção, mas parece que a faxina acabou. 

Dois pontos revelam que a postura de Dilma é preocupante. Em primeiro lugar, seu reiterado e repetido silêncio diante dos fatos e acontecimentos com seu ministério neste primeiro ano de governo. A presidente é uma líder muda. Talvez esbraveje e grite durante as reuniões reservadas, mas ela não governa para um partido, ela governa para o povo brasileiro - aqueles que votaram e aqueles que não votaram nela!

Lula era o mestre do improviso e da besteira; Dilma é silente e enigmática, seu pensamento sobre certos temas é uma incógnita, e quando desata a discursar é confusa na linha de raciocínio.

O segundo mais grave foi a revolta diante da recomendação da Comissão de Ética da Presidência de que o ministro Carlos Lupi deveria ser exonerado (leia mais aqui). A revolta da presidente não deveria ter sido manifestada. Ao manifestá-la, comprometeu todo o sistema de controles e fiscalização que existe no governo para evitar a corrupção e a uso indevido do dinheiro público. Em outras palavras, a privatização da coisa pública ou o loteamento dos cargos no governo, algo tão típico deste governo que termina seu nono ano. Trata-se de um gesto que revela uma postura autoritária e anti-democrática, algo que indica um desrespeito por órgãos de controle no âmbito da administração federal.

A desmoralização de uma recomendação da Comissão de Ética da Presidência fulmina sua própria razão de ser. Se suas recomendações não servem para nada, se a presidente não vai acatá-las, então por que não extinguir o seu funcionamento e seus cargos? Pelo menos assim, haveria um pouco de economia de dinheiro público.

Em suma, Dilma precisa se posicionar: ou compactua com a corrupção nos ministérios, ou não aceita este tipo de conduta. O silêncio e sua mudez indicam a omissão da presidente, e ser omissa neste caso, equivale a concordar com a roubalheira.


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