"De um lado cantava o sol,
do outro, suspirava a lua.
No meio, brilhava a tua
face de ouro, girassol!
Ó montanha de saudade
a que por acaso vim:
outrora, foste um jardim,
e és, agora, eternidade!
De longe, recordo a cor
de grande manhã perdida.
Morrem nos mares da vida
todos os rios do amor?
Ai! celebro-te meu peito,
em meu coração de sal,
ó flor sobrenatural,
grande girassol perfeito!
Acabou-se-me o jardim!
Só me resta, do passado,
este relógio dourado
que ainda esperava por mim..."
(Canções. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2005, p. 18-9)
Tantos sentimentos unidos num breve poema que integra Canções. Fico na saudade. Acho que foi o tema da semana neste blog. Um daqueles temas que ganham o inconsciente e só percebo depois que há uma união nos temas. "Montanha de saudade" que traz lembranças e desperta sentimentos bons, desejos bons, anseios bons. Saudade talvez seja o sentimento mais puro e despido de egoísmo. Um sentimento humano essencialmente inocente, inevitável, mas que enche de alegria a quem é dirigido.
Saudade só é sentida de um ente querido, de quem é importante, de quem é especial. Uma dor que pode levar a lágrimas, mas estas lágrimas semeiam alegria e felicidade. A felicidade de voltar, o júbilo do reencontro, de estar perto. Saudade que preenche o vazio da distância com o pensamento, ainda que silencioso.
Saudade não é uma simples palavra. É emoção rica e profunda, é dizer que moras no coração.
Um comentário:
ai como gosto desta mulher
Me faz um bem danado
Postar um comentário