Foto: Alta noite, Renato Bueloni Ferreira |
A TREVA
Adélia Prado
Me escolhem os claros do sono
engastados na madrugada,
a hora do Getsêmani.
São cruas claras visões,
às vezes pacificadas,
às vezes o terror puro
sem o suporte dos ossos
que o dia pleno me dá.
A alma desce aos infernos,
a morte tem seu festim.
Até que todos despertem
e eu mesma possa dormir,
o demônio como a seu gosto,
o que não é Deus pasta em mim.
(Poesia Reunida, 2a. ed. Rio de Janeiro : Record, 2016, p. 249)
Nenhum comentário:
Postar um comentário