terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Distorcendo a realidade


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"A lágrima é a saudade em forma líquida."

Renato Bueloni Ferreira

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Receita para o ano novo


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Um bom livro, um café ...ou uma taça de vinho, uma cerveja gelada, uma chá gelado, um suco...tanto faz, o que importa é o bom livro. O lugar também perde relevância quando o livro nos absorve, intriga, faz pensar.

"A Fórmula do Bom Humor", de Carlo de Marchi (Editora Quadrante, 2018) não é um livro de auto-ajuda. Achei que era quando o recebi, mas arrisquei. Afinal, o livro tem como subtítulo "E os cinco remédios contra a tristeza". Parecia feito sob encomenda para um 2018 que foi um ano longo, um ano de despedidas, de dor.

Pois bem, o livro é de uma grande leveza, mas mostra como é possível tornar nossos dias mais confortáveis, mais afáveis, como é possível enfrentar as dificuldades com serenidade e um certo grau de alegria - até onde é humanamente possível.

Destaco abaixo 2 trechos do livro que me pareceram uma verdadeira receita para o ano novo, algo como um propósito a ser praticado todos os dias, faça chuva ou faça sol (eu adoro dias chuvosos e aquele barulho de chuva no telhado ou na janela....).

Vamos aos trechos:

"Em uma passagem de seu célebre discurso de aceitação do Nobel da Paz, Madre Teresa de Calcutá fez um convite que surpreendeu muitos dos presentes: 'Dai sempre um sorriso a vossos familiares. Oferecei-vos reciprocamente vosso tempo em família. Dai-lhes um sorriso.'

Uma condição prévia para atingir esse objetivo é cultivar uma visão sorridente de si mesmo. Trata-se de uma aceitação particular do próprio modo de ser que permite não dramatizar a situação em que nos encontramos, isto é, a não me levar muito a sério e não levar muito a sério os demais." (p. 76)


"'Em minha vida, só me arrependo de não ter sido mais gentil', disse o escritor George Saunders quando, em 2013, foi convidado a proferir um discurso como patrono dos graduandos na Universidade de Siracusa, nos Estados Unidos. Em seu discurso, propôs a gentileza como regra para o sucesso de quem está começando a carreira profissional:

'De quem vocês se lembram com mais carinho no decorrer da vida? Com o mais inegável sentimento de cordialidade? Daqueles que eram mais gentis com você, aposto. Talvez isso seja um pouco simplista, e é certamente difícil colocá-lo em prática: no entanto, eu diria que, como objetivo de vida, vocês fariam bem se tentassem ser mais gentis.'"

Será que custa tanto tentar ser mais gentil e sorrir mais, compartilhar com mais pessoas um sorriso? Não sei se conseguirei, mas vou tentar!


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Pegadas no riacho






Caminhava nas águas geladas do riacho sombreado, deixando que os seixos massageassem seus pés. O calor intenso era interrompido quando levava a mão até a água e jogava um pouco sobre o rosto e o corpo. Havia uma sinfonia de pássaros, insetos, folhas e galhos a balançar com o vento quente do verão que pouco refrescava. Aquele concerto da natureza, gratuito, mas tão despercebido por muitos, era o que precisava para apaziguar a alma. Sempre que podia, fugia para aquele recanto, afastado da civilização, onde o céu era de um azul profundo, onde a terra era vibrante e o verde das árvores retorcidas tinha se desbotado ao longo da estação.

Parou por um instante e olhou fixamente para fundo do riacho. A água lhe acariciava os joelhos. As pegadas trilhadas pela água não deixavam rastro. As pedras repousavam no leito do riacho, adormecidas por anos, silenciosas, até que fossem despertadas por uma intrusa. Pensou em levar algumas consigo, mas desistiu. A harmonia era tanta que temeu desequilibrar tudo que a cercava. Fechou os olhos, respirou fundo e deixou-se ouvir o cantar da natureza. Ergueu os olhos para o alto, um céu sem nuvens ou qualquer traço de cor que não fosse matizes de azul, e agradeceu pela dor, pelas lágrimas, pela alegria do momento, pela vida que ainda lhe restava.