O trecho é extraído do Valor Econômico, Caderno Eu&, de 3 de fevereiro de 2017, p. 23, em entrevista concedia por Adélia Prado à jornalista Andrea Jubé.
"(...) Pergunto o que ala acha das feministas. 'O feminismo já é um termo político, ele supõe bandeiras, isso é vão. Uma bandeira feminista que quer se afirmar como mulher em competição ou em superioridade não vai a lugar nenhum. O valor da mulher e do homem, a dignidade de cada um, não é de dignidade de gênero, é dignidade da pessoa humana. É hediondo matar a mulher só porque ela é mulher? Não, porque ela é humana. Chegamos a um tal ponto de alienação que começamos a dar esses nomes, 'feminicídio', porque os valores do feminino desapareceram, estão em baixa, as mulheres são competidoras, e não cooperadoras.'
E prossegue: 'A bandeira feminista conseguiu para nós direitos civis importantes, mas você tem de ser uma engenheira mulher, uma médica sem perder seus valores. A gente vê mulheres se tornarem companheironas dos homens', critica. 'É a coisa mais triste, se o homem me tratar como companheirona, eu fico mal, eu não sou companheirona, eu sou uma mulher em contraposição a um ser humano que é homem. Quero que permaneça essa eletricidade entre homem e mulher.'"
Adélia Prado nos brinda com palavras de sabedoria, com uma simples reflexão que tem sido sufocada por bandeiras e agendas e palavras de ordem. No meio da gritaria, surge a voz da lucidez.