Descobrir um novo poeta é descobrir um novo dialeto que
traduz a realidade do mundo. Todo poeta tem o seu idioma próprio, uma forma
toda peculiar de retratar, de descrever de forma inusitada o que é banal, o que
é sublime, o que é importante, o que é profundo. Cada poeta usa traços e linhas
e sombras e nuances para desenhar com palavras o que tantas vezes tentamos fazer
sem sucesso.
Matilde Campilho poderia ser facilmente confundida com uma
brasileira. A bela morena morou no Rio de Janeiro e passaria por carioca, não fosse o
inconfundível – e charmoso – sotaque português. De cabelos longos e pele
bronzeada, Matilde é uma jovem escritora, uma jovem poetisa que desponta no
cenário das letras.
Participou do recente colóquio Minha língua, minha pátria, organizado pelo jornal português Público em conjunto com a Livraria Cultura. Matilde estará presente também na Flip deste ano.
Jóquei é seu primeiro livro, publicado no Brasil pela
Editora 34. Não se surpreenda com os poemas em inglês, alguns poucos,
misturados com um punhado de textos em prosa. A poesia conduz leva-nos a
passear por Lisboa, pelo Rio de Janeiro e por cidades que poderiam ser tanto no
Brasil, ou Portugal, ou qualquer lugar onde um caminhante atento observa tudo
ao seu redor.
Há leveza na poesia de Matilde Campilho que parece escrever
a poesia que todos gostaríamos de escrever. Trata-se de um elogio, antes que me entendam mal, a simplicidade é mais difícil de ser atingida do que pode parecer
e a caixa torácica deve retumbar quando as palavras deitadas sobre o papel
agradam à escritora. O leitor da poesia de Matilde descobre sua fascinação pelos números, pela ciência, onde parece indicar um discreto deslumbramento sobre os mistérios invísiveis do universo, transformando o DNA em poesia.
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