"Em que medida as constantes mudanças de seus primeiros onze anos de vida e os cenários de infância ajudaram a definir seu caminho literário?
Em todas as medidas. Ao estabelecer a característica itinerante da minha vida, me deram desde o início a consciência da solidão - você é mais só quando é diferente - e da multiplicidade do mundo. E me deram, tesouro maior, a leitura - porque tudo ficava para trás a cada mudança, meus pais supriam com livros esse vazio."
(O Livro das Palavras : conversas com os vencedores do Prêmio Portugal Telecom. org. José Castello e Selma Caetano. São Paulo : Leya, 2013, p. 131)
A resposta foi dada por Marina Colasanti em excelente obra lançada pela Leya no dia da entrega do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2013.
A obra traz entrevistas com os vencedores anteriores do Prêmio e discute o processo criativo da escrita, a literatura, a construção das personagens, dos diálogos, dos enredos. A lista contém 27 nomes da prosa e da poesia, mas todos tratando do mesmo assunto.
Para quem gosta de escrever, é leitura imprescindível e de grande valia.
Curiosas são as respostas de Dalton Trevisan, que ganhou o Prêmio, mas não compareceu à cerimônia de entrega e respondeu às perguntas por escrito.
"Nada a dizer for dos livros. Só a obra interessa, o autor não vale o personagem. O conto é sempre melhor que o contista.
Vampiro, sim de almas. Espião de corações solitários. Escorpião de bote armado, eis o contista.
Para escrever o menor dos contos a vida inteira é curta. Uma história nunca termina, ela continua depois de você." (p. 70)
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