quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Quem escolhe o livro?



Terminado Diário da Queda, saí em busca de algo novo para ler. Sempre tenho uma fila de espera, mas queria um romance mais longo, de um autor desconhecido, mas brasileiro. Estava na Saraiva quando fui atraído pela bela capa de azulejos portugueses a estampar a 2a. edição de Sinfonia em Branco, de Adriana Lisboa (Alfaguara).

A contracapa informava que a obra fora laureada com o Prêmio José Saramago. Hum, obra premiada costuma ser leitura mais difícil e não frequenta a lista de best-sellers, o que me agrada bastante. Fui procurar a apresentação da autora, que se encontrava na primeira orelha, além de uma foto. Escritora carioca. Ponto positivo. Tenho um caso de amor com a Cidade Maravilhosa e encontrar estórias que se passem nela me agradam, é uma forma de amenizar saudade, de nutrir memórias, de evocar bons momentos. 

Minha análise foi interrompida por um conhecido que me chamou e o livro foi deixado de lado. Acabei saindo da Saraiva sem comprar nada.

No dia 26 de dezembro, fui à Livraria da Vila com um amigo. A Vila faz uma liquidação anual e todos os títulos estavam com 20% de desconto. Passei pelo livro novo de Rodrigo Lacerda, folheei Daniel Galera, me atrevi a sapecar algo de Fernanda Torres e Vanessa da Mata, quando Sinfonia em Branco pareceu me chamar: "Alô! Estou aqui! Aqui te esperando!"

Pode parecer besteira, loucura, mas tenho para mim que os livros parecem nos escolher, mais do que nós os escolhemos. Eles estão ali, aparentemente adormecidos e silentes nas prateleiras, mas "sussurram" e nos chamam. Aguardam para dar o bote e nos fisgar. Peguei o livro e comprei-o.

Ao chegar ao escritório, fui ler a contracapa e a orelha. A história tratava de um incesto. Torci o nariz. Fiquei levemente frustrado e decepcionado. Esperava algo diferente. Comecei a ler o livro naquela mesma noite. Terminei-o em uma semana e o livro caiu como uma luva para o meu momento atual. 

Pode ter sido obra do acaso - se é que algo acontece por acaso, se é que alguém de repente cruza teu caminho -, mas o fato é que a obra estabeleceu um intenso diálogo comigo. A força narrativa de Adriana Lisboa é incrível e a premiação da obra é mais do que justificada. 

PS.: Trataremos da obra num próximo post.

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