"'Would you tell me, please, which way I ought to go from here?'
'That depends a good deal on where you want to get to,' said the Cat.
'I don't much care where - ' said Alice.'Then it doesn't matter which way you go,' said the Cat.
'- so long as I get somewhere,' Alice added as an explanation."
(Lewis Carroll. Alice's Adventures in Wonderland. Penguin Books : London, 2008, p. 66-7)
Outro dia, percorrendo a esmo a seção de literatura estrangeira da Livraria da Vila do Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, deparei-me com uma coletânea de textos de Edgar Allan Poe, edição em inglês da Penguin Books, em brochura. Abri o livro e deparei-me com um conto que li na adolescência. The Fall of the House of Usher foi um daqueles textos que odiei ter que ler. A obrigação de lê-lo tirou a beleza e a relevância do texto, deixando-o sem compreensão suficiente. Seguiram-se The Raven, The Tell-tale Heart e alguns outros.
Aos poucos fui encaixando Poe no contexto histórico do século XIX e seus textos passaram a fazer algum sentido. A obrigação transformou-se em leve prazer, mas a obrigação de ler os textos ainda pesava. Entendia que era necessário para minha formação e que era necessário conhecer os textos clássicos. Alguns deixaram suas marcas, outros meros riscos superficiais que imaginava terem sido apagados pelo tempo. Até outro dia...
O outro dia deu-se no meu reencontro com Poe. Comprei a coletânea e reli os mesmos contos da adolescência. Descortinou-se diante de mim um mundo novo, uma compreensão mais aguda dos complexos personagens criados e suas crises, manias, visões de mundo, aflições e angústia. Como os anos de vida nos concedem um entendimento maior da conduta humana! O mesmo texto e dois olhares completamente diferentes!
A nostalgia me conduziu ao livro - e entendo melhor como é importante ler os clássicos na juventude, ainda que por obrigação - e me deu enorme prazer na sua leitura. Da mesma forma que a epígrafe deste texto, dica do excelente Terapia da Palavra. Fui atrás do livro para deixar a citação mais precisa. Alice só pode escolher o caminho se sabe para onde QUER ir. E quantos de nós não sabem para onde caminham?
Um comentário:
Excelentes livros! Mas Alice me parece muito infantil, ou será que estou errado?
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