A diplomacia prima pela cautela e pela análise ponderada dos
fatos de modo a evitar decisões precipitadas e gerar conflitos que podem
evoluir para confrontos bélicos. A
recente crise do Paraguai descambou para a bagunça em grande parte por culpa da
atrapalhada chancelaria brasileira. Ou seria a rapidez na tomada de decisão mera cortina de fumaça para o alcance de outros fins?
Em artigo publicado no do dia 7 de julho de 2012, no Estado
de São Paulo, Sergio Fausto revela que a aparente punição do Paraguai teve
segundas intenções. A aparente preocupação democrática do Brasil foi só uma
cortina de fumaça para interesses secundários.
Escreveu Sergio Fausto: “A questão não é só de política
externa. Vale ler o artigo assinado pelo secretário-geral do partido [PT], Elói
Pietá, publicado no site oficial da legenda logo após o impeachment de Lugo: A
chamada do artigo é eloquente: ‘Mesmo com toda a sua força e grandeza, o Brasil
também sofreu as tentações de um golpe do Congresso Nacional contra o
Presidente Lula”. Sobre o “neogolpismo
das elites” o secretário-geral explica: “As elites ricas, onde hoje não
controlam o Executivo, voltaram a ter no Parlamento Nacional seu principal
ponto de sustentação institucional. Além disso, através da poderosa mídia
privada, seu principal ideológico e voz junto do povo, elas continuamente
instigam a opinião pública contra os governos populares”.
A decisão brasileira de punir o Paraguai para premiar a
Venezuela é tributária dessa visão de mundo. Uma é inseparável da outra.” (p. A2, sábado, 7 de julho de 2012).
A lógica é clara e cristalina. Bastava não se precipitar
diante dos fatos que a conclusão se torna óbvia. Encontram um fato secundário
(o impeachment de Lugo) para justificar a suspensão do Paraguai do Mercosul por
meio de uma ginástica jurídica (cláusula do Tratado de Assunção que exige a
manutenção da democracia nos países Membros), para justificar a acolhida ao
companheiro Chávez e seu regime democrático que impera na Venezuela. A
artimanha rasgou o Tratado de Assunção, revelou mais uma trapalhada da
diplomacia brasileira e lançou ao ostracismo o Paraguai. A ordem jurídica
vigente no Mercosul também foi violada pelas manobras dos companheiros, numa conduta pouco democrática, para ser, no mínimo, diplomático.
Nenhum comentário:
Postar um comentário