DESPERTADOR
Era uma manhã de sol, não importando o dia da semana.
Deveria ser sábado ou domingo; ou algum feriado. Um dia não útil, ou melhor, um
dia em que não se trabalhava. Estava sentado numa arquibancada de madeira,
daquelas bem rústicas e precárias, com uma estrutura de ferro e que lembravam
um andaime. Ficava na lateral do campo perto de onde os jogadores infantis se
aglomeravam no que poderia ser chamado de banco de reservas. Deixava o olhar
passear pelos meninos que corriam atrás da bola durante o aquecimento, cada qual com sonhos de voos mais altos.
Avistei-a de longe e ela sorriu quando me viu. Cabelos
molhados que lhe caíam muito bem, rosto sem maquiagem, ao menos imperceptível
para um homem, e uma alegria que se notava. Penso que parte daquela alegria
fosse devida ao fato de vê-lo ali e isto o alegrou também. Sentou-se do seu
lado. Ela falava e ele ouvia. Num e noutro lance mais emocionante, ele sentia
ela pegar-lhe no braço, um leve aperto, a mão repousando sobre seu antebraço. O
gesto de alguns segundos se cristalizava e um arrepio lhe percorria a espinha.
O sorriso era incontido.
O jogo terminou e caminharam juntos por alguns instantes.
Então, o despertador tocou, acordando-o com uma música
desconhecida. Ao longo do dia, permaneceu a sensação agradável que o sonho lhe presenteara.
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