quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A greve dos correios e o desprezo pelo cidadão



Depois de 28 dias e uma incisiva interferência da Jusitça, acabou a greve dos correios. Trata-se da segunda greve em poucos anos desta empresa que já foi uma referência em qualidade de serviços e confiança da população. Aliás, por ser monopólio estatal, o cidadão não tem escolha quando precisa enviar uma correspondência. Eis aí o principal argumento contra a violência perpetrada por um grupo de lideranças sindicais contra todos brasileiros.

Ao julgar a greve abusiva, o Tribunal Superior do Trabalho fez afirmações fortes sobre o abuso do direito de greve, da necessidade de uma reforma sindical urgente e de se acabar com fontes compulsórias de financiamento da atividade sindical em detrimento do salário dos trabalhadores, da briga entre empresa e sindicalistas em prejuízo de um país. As manifestações dos ministros do TST no julgamento são um indicativo do descaso e da omissão do governo no que tange à regulamentação do direito de greve do funcionalismo público, da reforma da legislação trabalhista e sindical e de um amplo sobre a atividade dos correios.

Esta greve foi um evento que deixou muito claro que sindicalistas estavam pouco se lixando para a população prejudicada com a falta de prestação de serviços pelo correio. Contas não chegaram pelo correio e quem arcará com as multas? Os devedores. Seria interessante se algum juiz condenasse o sindicato e a os correios a arcarem com as multas destas faturas que deixaram de ser pagas por culpa deles. O raciocínio é muito claro: se somente os correios podem prestar este serviço no Brasil, então devem ser responsabilizados pelos danos causados em sua omissão ao prestar o serviço.

Creio que com a atual qualidade dos serviços e os preços cobrados é hora de se reavaliar este monopólio estatal. Os correios foram o ponto de partida de um dos escândalos de propina do governo Lula e revelam-se como um instrumento de renda partidária sem qualquer interesse em melhorar o serviço prestado. Por exemplo, por que os correios gastam dinheiro em propaganda se prestam um serviço monopolista?  O dinheiro gasto em publicidade poderia servir para melhorar o salário dos funcionários.

O governo, por sua vez, desde a eleição de Lula, cedeu espaço demais aos sindicatos que tratam a coisa pública como parte de seu território feudal, brigando por ministérios, conselhos de empresas estatais e cargos em agências reguladoras. O interesse dos empregados fica em segundo plano. Líderes sindicais são um exemplo de lideranças que nunca trabalharam na vida, salvo em interesse próprio disfarçado de argumento público em prol dos direitos dos trabalhadores.

As greves de servidores públicos deveriam servir de reflexão para a população sobre a qualidade dos serviços prestados e sobre a forma como nos tornamos reféns de lideranças pelegas que impõem sua vontade sobre uma maioria manipulada.

O Judiciário Federal ameaça entrar em greve há 2 meses. Parece que agora a greve será iniciada. Milhões de processos ficaram parados. Quem será prejudicado? O cidadão que espera a liberação de um reajuste da aposentadoria; uma empresa que tenta restituir impostos pagos a maior ou que aguardam na fila interminável dos precatórios; ou ainda de alguma pessoa que necessite recorrer à justiça federal por algum motivo qualquer.

Vale lembrar que em ambos os casos – correios e justiça federal – os funcionários são concursados e com estabilidade. No caso do judiciário, os salários são os mais altos do poder judiciário no Brasil quando  comparados com os salários dos judiciários estaduais. Além dos 30 dias de férias, gozam de 20 dias de recesso no final do ano. Os benefícios são incontáveis quando comparados com qualquer trabalhador mortal que não seja um privilegiado de ter passado num concurso para o serviço público federal. Se a situação é tão ruim, por que não se demitem e vem tentar a sorte na iniciativa privada?

Palpitar sobre como conduzir a política econômica dos outros países, isto Dilma sabe fazer; governar seu país e mostrar pulso no atendimento dos anseios da população, isto ela não sabe. No jargão popular, Dilma viaja na maionese, aqui e lá fora. Calou-se – o que parece ser a única coisa que Dilma, a muda sabe fazer – num momento em que ela e seus ministros deveriam ter prestado contas à sociedade. Era necessária uma atuação do governo para encerrar a greve. O governo nada fez, afinal eram companheiros que estavam reclamando. A greve mostrou que o poder público foi loteado neste país e os cidadãos foram relegados ao ocaso. Este é mais um legado do governo Lula e do PT. 


Um comentário:

Isadora disse...

É Renato uma pena ver e ler sobre tudo isso. No final, cada um pensa apenas em si e o resto (nesse caso a população) que pague o pato.
Concordo que sendo os Correios a única forma que temos de enviar e receber correspondência é um abusurdo paralizar o serviço dessa maneira. Se houvesse uma outra empresa prestando o mesmo serviço, com certeza a greve não aconteceria.
E os bancários? E agora o Judiciário. E nós mortais trabalhadores como ficamos?
Excelente texto! Um beijo