terça-feira, 15 de maio de 2012

Falta de assunto?


Há um aparente silêncio neste blog, não por falta de assunto, mas por falta de silêncio. Sim, meu caro amigo, falta de silêncio. Contraditório? Explico-me.

Sou advogado e o grande calvário de todo advogado militante são os prazos. Os prazos, na maioria das vezes, não podem ser prorrogados. Se um prazo não for cumprido, o prejuízo é quase certo: para a parte envolvida e para o advogado que responderá por omissão e negligência. 

Andei assoberbado de prazos - o que é bom por um lado, ruim por outro - e o silêncio de que tanto necessito para escrever evaporou. O blog ficou silencioso, sem textos. Os textos ficaram fervilhando na minha cabeça, numa revolta constante para saltar para o papel ou a tela do computador. 

Preciso do silêncio para mergulhar no texto, algo parecido com o que é feito no texto técnico jurídico, mas com conteúdo muito diverso. Outro dia ouvia um especialista em produtividade no ambiente de trabalho dar uma entrevista no rádio e sugerir que as pessoas somente olhem seus emails 4 vezes ao dia. Faço isto há alguns anos. Evito a distração dos constantes emails que chegam, sendo que a maioria é lixo. Quando preciso redigir alguma petição ou defesa, tranco-me na minha sala, não atendo os telefones e não respondo email. A imersão é total para não atrapalhar o fio da meada.

Porém, quando dou asas aos meus devaneios de final de dia - ou de começo de dia, ou de meio de dia -, basta a inspiração e deixá-la ganhar corpo. Muitas vezes só tenho a primeira frase e o resto vem com a inspiração. Ignácio Loyola Brandão escreveu certa vez que se a inspiração não vem, caminhe pelas ruas e observe. A inspiração voltará. Sigo este conselho do escritor paulista. Por vezes os textos demoram a ganhar corpo, mas esforço-me para que não se percam no vazio.

Dito isto, vou aproveitar a quietude da noite fria e deixar que as palavras ganhem corpo.


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