Há um aparente silêncio neste blog, não por falta de assunto, mas por falta de silêncio. Sim, meu caro amigo, falta de silêncio. Contraditório? Explico-me.
Sou advogado e o grande calvário de todo advogado militante são os prazos. Os prazos, na maioria das vezes, não podem ser prorrogados. Se um prazo não for cumprido, o prejuízo é quase certo: para a parte envolvida e para o advogado que responderá por omissão e negligência.
Andei assoberbado de prazos - o que é bom por um lado, ruim por outro - e o silêncio de que tanto necessito para escrever evaporou. O blog ficou silencioso, sem textos. Os textos ficaram fervilhando na minha cabeça, numa revolta constante para saltar para o papel ou a tela do computador.
Preciso do silêncio para mergulhar no texto, algo parecido com o que é feito no texto técnico jurídico, mas com conteúdo muito diverso. Outro dia ouvia um especialista em produtividade no ambiente de trabalho dar uma entrevista no rádio e sugerir que as pessoas somente olhem seus emails 4 vezes ao dia. Faço isto há alguns anos. Evito a distração dos constantes emails que chegam, sendo que a maioria é lixo. Quando preciso redigir alguma petição ou defesa, tranco-me na minha sala, não atendo os telefones e não respondo email. A imersão é total para não atrapalhar o fio da meada.
Porém, quando dou asas aos meus devaneios de final de dia - ou de começo de dia, ou de meio de dia -, basta a inspiração e deixá-la ganhar corpo. Muitas vezes só tenho a primeira frase e o resto vem com a inspiração. Ignácio Loyola Brandão escreveu certa vez que se a inspiração não vem, caminhe pelas ruas e observe. A inspiração voltará. Sigo este conselho do escritor paulista. Por vezes os textos demoram a ganhar corpo, mas esforço-me para que não se percam no vazio.
Dito isto, vou aproveitar a quietude da noite fria e deixar que as palavras ganhem corpo.
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