quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Fantasma


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Não me tenhas como um fantasma do passado a assombrar teus dias, tuas tardes preguiçosas, tuas madrugadas insones, tuas noites solitárias, tuas manhãs de ressaca. Não sou eu a desfazer os espirais de fumaça que fluem de seus cigarros, assoprando as belas esculturas que se desenham no ar. Sei que está só e te observo de longe, em pensamentos e desejos, com a boca costurada pela censura que me impusestes. Não me procures mais, chega! O grito escrito num email saltou do fundo da garganta e me ensurdeceu. Calei-me como pediste por quase dois anos, mas uma serena vontade me consome e sou tomado pela impotência de não resistir. Quero te escrever, mas temo que seja tido como um fantasma, daqueles esqueletos do fundo do armário, esquecidos e que quando revelados assombram, causam taquicardia, suores, um forte aperto no coração.

Não quero ser um pesadelo, não quero tirar teu sono, nem tua paz - se é que em algum momento nos últimos tumultuados meses atingistes a paz de espírito. Do jeito que te conheço, ouso dizer, sem medo de errar, que teu interior inquieto e ansioso, extremamente analítico jamais lhe concedeu a paz interior.

O mundo é muito turbulento para ti. O mundo está em constante mutação, tanto o material como o espiritual e tentas captar tudo, usas do conhecimento para tentar atingir o impossível controle sobre o destino, sobre a razão e o mais utópico: sobre o coração e os sentimentos. Suas tentativas de negar e rejeitar o sentimento despertado, por mim confessado, foram em vão. Negaste de forma reiterada, acreditando que o silêncio me induziria ao erro. A negação se transformou em agressão verbal e escondida por detrás de um colete à prova de flechadas do cupido. Fingiu que estava intacta ao que fora despertado no seu âmago. Jamais acusaste o golpe e sei que és orgulhosa por demasia para reconhecer que se apaixonara por alguém que lhe faria fugir e correr e correr. A contradição posta lhe embaralhou o raciocínio e a filosofia foi escassa, insuficiente, não lhe dando os instrumentos para dissecar a sua própria alma e tomar de conselho a lição primordial: conhece-te a ti mesmo! 


Falhaste e me condenaste ao limbo das almas penadas, dos fantasmas do passado. Deixei de ser um sonho bom para me tornar um pesadelo dos mais traumáticos e inquietantes. Não sou um fantasma e não quero morrer como fantasma. Será que em algum momento do futuro, à luz do dia, o espectro se transformará de novo em um inofensivo amigo?

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Lançado conto em ebook





Lançado na semana passada, já está à venda na loja da Amazon o conto Taquaral,  escrito para o concurso do Globo e da Amazon, Brasil em Prosa. O conto só está disponível em formato de ebook.

O conto pode ser adquirido na loja da Amazon aqui.